Foi em 2003 que eu comprei o primeiro álbum de Sandy e Junior por livre e espontânea vontade, mas lembro perfeitamente de ouvi-los desde o Era Uma Vez... (1998) por conta de minha irmã. Depois disso, acompanhei a carreira da dupla de longe, sem ter a oportunidade de ir em um show por ser de uma cidade do interior de Santa Catarina - e viajar, para os meus pais, não havia nenhuma possibilidade.
O tempo passou e eu cresci. Na separação, não senti o impacto por não entender a dimensão do que era Sandy e Junior, já que curtia as músicas, mas nunca me tornei aquele fã, até pela idade. Em 2010 veio a carreira solo de Sandy e o sentimento que estava adormecido voltou com tudo, e eu me identifiquei ainda mais com aquele trabalho - e agora com a internet e mais velho, me interessei ainda mais pelo que ela também havia feito no passado.
Sandy e Junior era algo surreal para mim, e eu sempre comentei que a Sandy que eu via naqueles vídeos parecia ser uma outra pessoa, e não aquela do qual eu estava mais familiarizado. E quando tiveram os boatos de uma suposta turnê, eu não acreditei, sempre achei que ver eles como dupla em um palco, era completamente fora de cogitação. Mas a turnê veio e foi surreal a sensação de quando tudo foi confirmado. Era a realização de um sonho até então impossível.
Assistindo ao documentário A História, lançada exclusivamente no Globoplay, eu entendo perfeitamente o carinho que eu criei por esses dois artistas. Assim como as pessoas que são próximas dos artistas costumam falar, nós fãs também sentimos o quanto eles são reais - mesmo a mídia tentando provar o contrário os menosprezando como artistas e pessoas.
O documentário é importante para ouvir o outro lado e entender o que rolava nos bastidores - e que a gente imaginava saber apenas pelas manchetes sensacionalistas de revistas de fofoca, e entender um pouco mais como tudo isso contribuiu para Sandy e Junior serem o que são hoje.
Sandy, sempre como a eterna virgem, enquanto Junior tinha que lidar com questões sobre a sua sexualidade, além de ser taxado como a sombra da própria irmã. E é no quarto episódio que a gente entende o quanto a carreira precoce que tiveram poderia ter dado muito errado se não fosse a família, e todo o suporte que tiveram. Notícias que, para mim, eram inéditas, como a mídia alegando que Junior tentou suicídio por Sandy estar pensando em acabar com a dupla, mostram que quando um artista fala que a fama é a parte ruim de ser famoso, não é brincadeira - eles eram crianças nessa época.
Hoje, revendo o documentário e o show, me fez sentir toda a emoção que eu senti em 2019. A realização do sonho que foi vê-los em cima do palco numa noite chuvosa em Curitiba/PR, e que recentemente completou dois anos. Ver que nem toda a maldade da mídia conseguiu atrapalhar dois seres humanos talentosos e que marcaram uma geração.