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Na Resenha com Pedro - projeto VOZES PRETAS | Luiz Fara Monteiro

Dando continuidade ao projeto VOZES PRETAS, destaco o mercado de trabalho para os negros. A taxa de desemprego da população preta é historicamente maior do que a de brancos, porém com a pandemia que estamos vivendo esta taxa chegou a um recorde histórico desde 2012. Segundo dados do IBGE, o índice de desemprego no último trimestre de 2020 fechou desta forma: 16,1% pessoas de cor preta, mesmo percentual para pardos, enquanto a de brancos foi 11,5%.

Ainda de acordo com o IBGE, o perfil mais comum de desempregado no ano anterior foi de homem jovem de cor preta com ensino médio incompleto ou equivalente. Mesmo havendo políticas de inclusão, o nosso país ainda assim, é perverso com a população negra. Para não esquecerem: #VIDASPRETASIMPORTAM.

Para falarmos melhor sobre o mercado de trabalho na área do jornalismo e um pouco da sua carreira convidamos o jornalista e radialista premiado Luiz Fara Monteiro, apresentador do Jornal da Record. Na nossa entrevista falamos um pouco sobre os desafios que um jornalista negro pode encontrar no mercado de trabalho, sobre políticas públicas para a inclusão do estudante em instituições de ensino, além dos percalços que um jornalista negro pode encontrar para fazer um bom jornalismo. Deixo aqui meu agradecimento pela oportunidade em entrevistá-lo, quero que saiba que como jornalista me espelho no seu trabalho e vendo você à frente de um dos principais telejornais do país me faz lembrar que sim, nós jornalistas pretos podemos chegar onde quisermos.

Pedro Lima: O que te levou para o jornalismo? Como foi sua trajetória no período acadêmico?

Luiz Fara Monteiro: Meu primeiro emprego foi aos 16 anos, como locutor de rádio, em um grupo de comunicação da capital federal. Embora o universo de rádio e tv me atraísse desde a adolescência, naquele momento em jamais imaginava que fosse trabalhar no meio.

Anos depois fui convidado para apresentar um programa de entretenimento na tv do grupo e só então me interessei em cursar jornalismo. Quase cinco anos depois eu estreava na Rabiobras, atual EBC, exatamente no dia 11 de setembro de 2001, quando houve os atentados nas torres gêmeas. Meu período acadêmico foi tranquilo e corrido ao mesmo tempo, corrido porque eu dividia meu tempo entre a faculdade e os três empregos. Tranquilo porque muito conteúdo do curso eu já conhecia na pratica.



PL: Sabemos que ainda há poucos jornalistas negros em atividade no país, e que para se inserir no mercado é preciso ter um diferencial. Quais desafios um jornalista negro no início de carreira pode se deparar? Você se deparou com algum?

LFM: Há poucos jornalistas negros, como há poucos advogados, magistrados, médicos, engenheiros, cientistas negros. Penso que a origem está na falta de acesso à boa educação da população de baixa renda, formada em sua maioria por pretos.

O primeiro desafio de um jornalista negro, infelizmente, é mostrar que é capaz de desenvolver a função tão bem ou melhor que seus colegas de pele clara. Outro desafio é a remuneração equiparada aos brancos, se for mulher a dificuldade pode ser maior ainda, por outro lado algumas empresas perceberam que é possível encontrar este profissional disponível no mercado e acordaram também para a importância da diversidade.

Mas é bom ressaltar que na pratica, eu e outros colegas pretos que exercermos a função estamos ali antes de mais nada pela competência. Sonho com o dia em que a sociedade como um todo enxergará profissionais antes de mais nada, a cor da pele não terá importância.

PL: Atualmente temos programas sociais para o estudante de escolas públicas ingressarem nas universidades e faculdades, porém de acordo com dados do IBGE o número de estudantes negros ainda é metade do total do número de brancos. Em sua opinião, porque esse número não é igualitário?

LFM: Ainda não é igualitário porque leva tempo para que as ferramentas e sua abrangência alcancem seus objetivos. Mas há dados do mesmo IBGE que mostra que pretos e pardos são maioria nas universidades públicas do Brasil, reflexo de políticas públicas que proporcionaram o acesso da população preta e parda na rede de ensino.

E veja que auspicioso: esta informação foi divulgada em novembro de 2019, justamente quando comemorávamos mais uma semana da consciência negra. Tenho orgulho de lembrar que na ocasião, a emissora para qual trabalho reuniu em São Paulo sete profissionais negros que mostraram uma série especial de reportagens sobre as conquistas e desafios dessa população.

PL: Mesmo com as constantes transformações no mercado jornalístico provocadas pelo advento da tecnologia, acredita que é possível afirmar que as empresas de comunicação segregam jornalistas negros?

LFM: Nunca soube de empresa de comunicação que segreguem jornalistas negros se existe, não conheço e se conhecesse, denunciaria. O que noto ainda é uma falta gritante de profissionais negros em suas redações ou no vídeo, mas não posso especular sobre o motivo, talvez passe pela ausência como um todo de disponibilidade de profissionais negros no mercado ou falta de orçamento para expansão de vagas.

LEIA TAMBÉM: Na Resenha com Pedro - projeto VOZES PRETAS | Flávio Renegado


PL:
Em 2008 você passou a ser correspondente da RecordTV na África do Sul, como foi essa experiência? Voltaria a ser correspondente?

LFM: A experiência foi maravilhosa, a melhor da minha vida. Estive a cinco metros de Nelson Mandela em abril de 2009, quando o ex-líder foi votar na eleição presidencial que elegeu Jacob Zuma. Não o entrevistamos porque ele já estava com a saúde debilitada e não atendia mais jornalistas, foram dois anos de viagens e experiências espetaculares com foco nos preparativos para a realização da primeira copa do mundo no continente africano.


PL:
Desde março de 2019 eventualmente você apresenta o Jornal da Record, principal telejornal da emissora, para você como é apresenta-lo? Acreditou que um dia chegaria a esta posição?

LFM: Para ser sincero, sempre achei muito difícil chegar até a bancada do JR porque minha base era Brasília e eu nunca conversei com alguém sobre essa possibilidade. Embora tenha entrado na emissora como apresentador em Brasília, meu foco sempre foi reportagem seja na cobertura política em Brasília, seja na África do Sul como correspondente. São muitas responsabilidades de se apresentar o JR, considerado internamente como um dos principais produtos da emissora.

PL: Um jornalista deve estar preparado para cobrir diversas pautas, mas sempre à aquela que o mais o desafiou, qual a sua? E porquê?

LFM: Toda pauta é um desafio e o jornalismo é tão dinâmico e surpreendente que pautas que você imagina ser tranquila quando recebe se torna de uma complexidade enorme quando você chega na rua. Assuntos que você imagina que não irá gostar acaba sendo prazeroso, costumo dizer que no jornalismo cada dia é uma história e cada pauta uma surpresa.


PL:
Qual mensagem você deixa para o jovem negro, que tem o anseio em um dia se tornar um jornalista de renome como você?

LFM: Certa vez eu estava gravando um stand-up na rua em Brasília quando uma senhora me disse que o filho dela, negro como eu, sonhava em ser jornalista de tv mas que não acreditava que seria capaz porque não via repórteres nem apresentadores negros, e quando me viu ela passou acreditar que seria possível. A mensagem que eu deixo é que o jovem negro que queira ser jornalista vá taras do seu sonho e não se deixe abater por nada, mas que se prepare para um mercado competitivo, que devore livros, jornais, sites, que leia política, economia, cidades, tudo. Que se especialize em um ou mais segmentos para que tenha diferenciais dentro de uma redação, acreditar em si é o principal segredo.

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Na Resenha com Pedro - projeto VOZES PRETAS | Flávio Renegado

O racismo estrutural sempre dominou a sociedade, por mais que sejamos maioria entre a população brasileira, ganhamos pouco, não temos as mesmas oportunidades de emprego, educação e ascensão. Somos marginalizados ao ponto de nos tornarmos as principais vítimas da violência, além de sermos a maior parte da população encarcerada. Diante dessas problemáticas me perguntei... Porque nós negros sofremos tanto com uma sociedade injusta e cruel ao ponto de nos colocarmos como seres inferiores?

Após essa pergunta, decidi criar esse projeto, intitulado VOZES PRETAS, tendo como finalidade ouvir personalidades negras da música, arte e jornalismo, afim de desmitificar o que a sociedade sempre impôs, e aqui reafirmo: #VIDASPRETASIMPORTAM.

E para darmos início ao nosso projeto, bati um papo com o rapper, cantor, compositor, ator, ativista e empreendedor social: Flávio Renegado. Que de antemão, quero esboçar a minha felicidade e agradecer a oportunidade de conhecer um pouco sobre sua história e por ter acreditado em meu projeto. Muita paz e mais sucesso a ti, Renegado!


PEDRO LIMA: Seu contato com o rap foi muito cedo, o que te levou a caminhar no meio musical? Olhando a sua trajetória, como define seu caminho profissional?

FLÁVIO RENEGADO: Bom... Comecei a cantar rap com os treze anos, né mano. Cara eu sempre fui apaixonado por música, eu canto rap porque é o gênero musical que me arrebatou. Eu acho que de toda forma, se não fosse o rap, eu cantaria música de qualquer maneira, porque cada dia que passa eu tenho mais certeza que eu sou músico, mas o rap eu tenho uma paixão impar por ser a música da verdade, a música que fala a realidade que fala a verdade, que prega a verdade, então o rap ganhou esse lugar no meu coração nesse sentido. Cara eu me defino como esse ser cosmopolita, que é um ser periférico, tá ligado? A periferia é um lugar que reúne tudo! Reúne tecnologia, reúne resistência, reúne passado, futuro, presente. Eu sou isso, sou um pouco disso tudo, eu sou um pouco dessa nova periferia que vem se consolidando se erguendo e se fazendo presente.

PL: Em seu ponto de vista, o que motivou a criação do rap e o que o impulsionou em transformar a realidade em gênero musical?

FR: Se você analisar a história do hip-hop, ele surge e tomou força nos guetos norte-americanos por uma série de coisas. Primeiro em poder falar o que se pensa, o que se acha e o que se vive. Ele se deu muito nesse lugar de resistência e sobrevivência. Então o rap veio como representante desse som, dessa rapaziada que estava ali esquecida e marginalizada no gueto, e que não tinha condição financeira para adquirir equipamentos para fazer música na perspectiva que deveria ser, e que achou no rap e hip-hop uma maneira de produção barata e que podia se falar o que pensava, então sinto que ali o rap nasceu e ganhou fôlego, tá ligado? Por ser uma expressão do gueto, uma expressão de quem não tinha espaço para falar e encontrou nessa expressão falar o que pensa, o que acha, o que sente e o que vive. Então no meu ponto de vista é aí que o gênero ganhou força.

PL: Servindo como ferramenta de resistência, o rap por muito tempo foi marginalizado. Acredita que por ser um gênero musical feito em sua maioria por negros periféricos fez com que a sociedade tivesse essa visão?

FR: Sim! Um pouco sim, cara. A sociedade é preconceituosa, né mano? Principalmente com o que vem da periferia. O samba viveu isso, o rap viveu isso, o funk vive isso, a música nordestina vive isso. É isso, a sociedade quer que a gente continue quieto e calado no gueto, só que a periferia é o centro! Hoje nós somos a pauta, hoje nós damos a pauta para discussão, tá ligado?!  Então vamos continuar lutando e fazendo a nossa pauta acontecer.

PL: Atualmente estamos vivendo momentos de grandes transformações, tivemos muitos movimentos antirracista. Como analisa esse último ano que foi tão perverso para nós negros?

FR: Mano, a pandemia aflorou muito o que realmente é o ser humano. A pandemia nos obrigou a ficar dentro de casa e olhar no espelho, e aí quando a gente tem o assassinato do George Floyd, do garoto Miguel e de vários outros durante esse processo pandêmico demonstra o que realmente a sociedade é, tá ligado? Uma sociedade patriarcal, racista que desteta gays, pretos e mulheres, detesta os pobres. Essa sociedade que o tempo inteiro nos julga e nos condena, porque estamos apenas vivendo e resistindo e para eles é uma ofensa muito grande conquistarmos espaços e nos apropriarmos desses espaços. Então vamos continuar lutando, vamos continuar resistindo quer eles queiram ou não, mas é isso, a pandemia aflorou o que a sociedade é.


PL: Composição sua e de Gabriel moura, a música “Negão e Negra” traz uma letra forte e uma mensagem contra o racismo. Como surgiu a ideia para essa composição?

FR: Quando rolou a possibilidade de fazer um feat com a Elza, eu quis logo fazer uma música para coroar esse momento e aí nasceu “negão e negra”. Mostrei a ela que curtiu, e gravamos o som, tá ligado? Foi uma música feita para ser interpretada por mim e por ela, a gente já compôs a música pensando nesse feat, nessa parceria e eu tive a felicidade dela curtir e aceitar o feat. Então o máximo respeito! Obrigado meu parceiro Gabriel Moura, por acreditar e chegar junto comigo nessa daí, espero que tenhamos a oportunidade de escrever várias outras mais, e vamo que vamo!

PL: Ainda sobre o single “Negão e Negra”, como foi ter a Elza Soares como parceira musical?

FR: Um presente, né mano? Um presente, a partir dali nós coroamos essa parceria. Depois de “Negão e Negra” já fizemos outro feat,que foi “Divino Maravilhoso” de Gil e Caetano, e espero esse ano fazer mais feats com ela, e poder ter ela junto comigo em outras canções também. E vamo que vamo, vamo parar por aí não, ainda tenho muito que fazer nessa vida.


PL: Quais são seus projetos para este ano que se inicia?

FR: Estou em estúdio, gravando músicas novas, compondo bastante preparando novos projetos para o mundo virtual e o para o mundo presencial. Agora que temos a previsão da vacina, já fico mais feliz em poder encontrar com as pessoas poder estar no palco novamente. Estou quase há um ano sem subir no palco, muita saudade de tocar de estar junto sentir a energia do povo é o que me alimenta, mas o pessoal que acompanha meu trabalho pode continuar conectado que vai vim muita coisa nova aí, muita coisa bonita estou muito feliz com as composições novas, cheio de coisa linda. E um aviso, quem gosta de Renegado vai ficar muito feliz com esse ano, tá bom?



PL: Por fim... Qual mensagem você deixa para o jovem negro que vê o rap como forma de externar suas dores e através da música fazer uma sociedade melhor?

FR: Cara o rap é a música da verdade, se você quer cantar rap pense nisso! Pense em cantar a sua verdade, em cantar a verdade que você acredita, a verdade que te move. Você será um rapper feliz, o rap tem que ser o que a gente sente ele é o nosso coração, temos que dar vida ao nosso coração, tá na hora de dar voz ao coração o século XXI tá aí para nos mostrar os aplausos, tá ligado? Temos que dar voz ao nosso coração, deixar nosso peito falar e ser feliz, é isso.

Bom... Muito obrigado pela entrevista foi uma honra, um prazer estar com vocês. Obrigado pelas perguntas maravilhosas, adorei todas, e vamo que vamo. Pessoal que não conhece meu trabalho , convido a conhecer minhas redes e ficar por dentro, todo dia de manhã faço um café com chocolate, se quiser bater um papo de manhã cedo vai lá tomar um café comigo.

Certo? Beijo no coração, fé em Deus e é nois que tá! Até breve!

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Na Resenha com Pedro | Leonardo Brício

Iniciando a sua trajetória nos anos 80 no Teatro Tablado, o ator Leonardo Brício hoje carrega uma carreira brilhante. Em seu currículo consta inúmeras novelas e minisséries de sucesso, além das produções teatrais. Amante da natureza, o ator afirma ali encontrar a sua religião. Conversei com o Leonardo, que também nos contou como foi voltar à TV após alguns anos afastado, na série Arcanjo Renegado

Deixo aqui o meu agradecimento a atenção e disponibilidade que o Leonardo teve comigo.


Pedro Lima: Com mais de 30 anos de carreira, hoje você tem uma belíssima trajetória artística. Mas como a arte entrou em sua vida?

Leonardo Brício: Comecei fazendo teatro amador no condomínio que morava na Barra da Tijuca aos 15 anos, quando entrei na faculdade, escolhi fazer desenho industrial na Escola de Belas Artes na UFRJ, que abandonei no sétimo período e entrei no teatro O Tablado para fazer aula e lá fiquei. Até hoje sou Tabladiano, no fim do ano passado fiz um infantil lá novamente “O Boi e o Burro no Caminho de Belém”, pois nunca perdi o vínculo com ele, pois além de aluno, fui professor também durante quatro anos.

Leonardo e a família Sardinha em Da Cor do Pecado (2004)/ 📷 Gianne Carvalho

PL: Grandes nomes da televisão dividiram a cena com você desde O Guarani (1991), na extinta Rede Manchete, em Éramos Seis (1994) no SBT, nas memoráveis Anjo Mau (1997), Da Cor do Pecado (2004) na Globo e em Chamas da Vida (2008), na RecordTV. O que carrega desses colegas? Tem algum que ficou lisonjeado em trabalhar?

LB: Sim, trabalhei com grandes atores e atrizes. E talvez carregue um pouquinho de cada um, pois sempre fui grande observador e me dedicava a observá-los muito bem. Posso listar o (Antônio) Fagundes, que duas vezes fui filho na ficção, Cássia Kiss, Cleyde Yácones que trabalhei no teatro e na tv, a maravilhosa Laura Cardoso. Foram tantos. Vi Rubens Correia, Cláudio Correia e Castro, Fernanda Montenegro, enfim tantos e tantos. 

Leonardo na novela Éramos Seis (1994)/ 📷 Reprodução Internet

PL: Ao longo de sua carreira você já interpretou índio, bom vivant, lutador, pescador, bombeiro e até rei. Tem algum papel que teria interesse em interpretar?

LB: Sempre terá, sem preferência ente o bom ou mal, entre vilão ou mocinho.

PL: Qual papel foi o mais desafiador a ser interpretado? Porquê?

LB: Talvez Rei Davi por ter tido o desafio de fazer desde os 28 anos (fase que assumia o papel) até a morte do personagem bem velhinho.

Leonardo em cena no espetáculo O boi e o burro no caminho de Belém/ 📷 Reprodução Instagram

PL: Após alguns anos afastado da dramaturgia, você deu vida ao coronel Gabriel na série Arcanjo Renegado, como foi dar vida a este personagem? Ele estará na segunda temporada?

LB: Eu estive esse tempo afastado da tv, mas continuei fazendo teatro com O Mondé, uma cia que faço parte. Tive um tempo de preparação para o coronel Gabriel, com instruções sobre ações do Bope com integrantes dele. Na segunda temporada o Gabriel vem com tudo mostrando realmente quem ele é.

PL: O que tem a dizer sobre artistas se posicionarem diante dos últimos acontecimentos no país?

LB: Acho normal e sempre foi assim, acabamos sendo formadores de opinião, eu só não gosto de debater sobre isso nas minhas redes sociais. Tenho preguiça de briga e isso acontece muito pois é um lugar onde todo mundo se vê no direito de opinar e discutir.

📷 Reprodução Instagram

PL: Em algumas entrevistas, você se considera ser uma pessoa zen, que curte estar ao lado da natureza. O que ela te proporciona?

LB: A Natureza para mim tem haver com Deus, é praticamente minha religião.

Leonardo nos bastidores da série Arcanjo Renegado (2020)/ 📷 Reprodução Instagram


PL: Quais projetos tem pela frente?

LB: Quando voltarmos terei a segunda temporada da série para filmar e um projeto de teatro para ser feito ainda esse ano em plataformas online que será dirigido pelo Rodrigo Pandolfo.



Na Resenha com Pedro | Daniel Ávila

Foto: @rodrigolopes
Foto: @rodrigolopes

Iniciando a carreira no mundo artístico ainda criança, o ator e dublador Daniel Ávila participou de inúmeros trabalhos de sucesso na TV. A Viagem (1994), Corpo Dourado (1998), Agora É Que São Elas (2003), Floribella (2005), O Profeta (2006) e Rei Davi (2012) são alguns exemplos, no teatro ele transcende ao ter contato com o seu público, e no cinema com certeza já ouvimos a voz dele em diversos filmes que marcaram, destaco O Conde de Monte Cristo ePeter Pan. Ele é o tipo de artista que vai além do que vemos, e foi com o papai da pequena Flor, que bati um papo descontraído e que você acompanha agora. 

Desde já, deixo o meu agradecimento pela disponibilidade e pela atenção dada à mim.

Pedro Lima:Daniel, sua carreira na televisão começou muito cedo (com 06 anos de idade), o que te motivou a enveredar para o meio artístico?

Daniel Ávila: É comecei minha carreira com seis anos de idade. Foi engraçado, porque eu não lembro muito bem. Eu era uma criança tranquila, normal aparentemente, inteligente, esperta, mas não tinha nada que me indicasse, não tinha nenhum parente, não tinha nada que demonstrasse que eu ia ser artista. Só que minha mãe era professora de escola e eu sempre fui muito bonitinho, o xodó das tias, das amigas da minha mãe e o pessoal sempre ficou perturbando falando que deveria me levar para tirar foto, para ser modelo e fazer comercial. E um dia a minha mãe aceitou e me levou na Bloch Editora, que era ao lado da antiga TV Manchete, e chagando lá tinha o teste para o filho do Zé Trovão. Na novela A História de Ana Raio e Zé Trovão, eu sem saber nada, nem tinha visto uma câmera direito na vida, peguei o teste e levei para casa. Naquela época não tinha e-mail, não tinha fax, não tinha nada. Estudei e minha mãe viu que eu levava jeito, fiz o teste e passei (Risos).  E conheci muita gente, fiz direitinho, me chamaram para outros testes e passei também, então minha carreira começou cedo por causa disso. Tive personagens interessantes, mas foi uma surpresa na verdade.

Foto: @rodrigolopes

PL: Após sua estreia em A História de Ana Raio e Zé Trovão (1990), você viveu o pequeno Dudu em A Viagem (que será reexibida a partir de dezembro pelo canal Viva). Quais recordações você tem deste trabalho? Neste período, você percebeu o estrondoso sucesso que a novela vinha fazendo?

DA: Depois de Ana Raio e Zé Trovão, que se não me engano foi em 1990, eu fiz uma peça que foi Capitães de Areia com Roberto Bomtempo, que inclusive fazia parte de Ana Raio e Zé Trovão. E aí foi muito legal, ficou um ano em cartaz no Rio de Janeiro, várias pessoas me viram atuando e eu era moleque, tinha sete anos naquela época, não tinha muito moleque atuando e eu comecei a fazer teste para várias novelas, fiz Família Brasil (1993) na Manchete, e (só) depois acabei fazendo A Viagem, que para mim é muito marcante. As pessoas lembram, até hoje, a novela é maravilhosa e foi reprisada várias vezes, eu tenho o maior carinho por esse personagem. E vou lembrar para sempre do Claudio Cavalcanti, que foi o cara que me ensinou muito na vida sobre o que era ser ator.

(Na época) eu não percebi não. Não sabia nem o que era sucesso direito, sabia que as pessoas me viam na rua e comecei a fazer muita entrevista. Ia para os lugares e não podia ficar tranquilo, mas sei lá, naquela época não tinha essa mídia, não sei, eu era criança também. E para mim, não foi só o estrondoso sucesso que foi na época, A Viagem é um sucesso que repercute até hoje, e acho que deve ser uma das novelas que mais foram vista. É maravilhosa, e guardo com muito carinho o Dudu.

PL: Em 2004, você interpretou Rudá de Andrade na minissérie Um Só Coração. Como foi a experiência em interpretar um personagem que existiu na vida real?

DA: Ah... Essas coisas me emocionam. Você poder fazer uma minissérie (de época) sempre tem um cuidado maior, com a parte artística, com a parte estética. Tem também um outro tempo de trabalho, e é diferente da novela. O Rudá era filho da Pagu com o Oswald de Andrade, então foi um barato, eu realmente me concentrei bastante, levei bastante a sério e é uma maravilha você poder documentar um período histórico, documentar artistas, documentar a vida. Viver outras épocas, isso realmente é uma coisa que prezo muito.

PL: Com uma carreira repleta de trabalhos de sucesso, você teve passagens pela Rede Globo, SBT, RecordTV e Band. Como vê a concepção e produção feita por cada emissora?

DA: Olha rapaz, eu não sei muito bem se eu posso te dar um briefing desse, mas vamos tentar. Eu trabalhei, graças a Deus, em todas as emissoras, até na TVE eu fiz um programa de educação, e eu fico muito feliz, isso para mim me deixa contente porque me torna uma pessoa muito popular. E eu trabalho para o meu público, hoje em dia trabalho até na rua, então gosto muito disso, me manifestar para a população, então estar em todas a emissoras me dá isso. A Globo realmente foi uma das que mais trabalhei, e tem um repertorio, tem um histórico, tem profissionais, tem estúdios, tem tecnologia. Ela realmente depende do produto que você vai fazer, também porque tem várias categorias, e na Rede Globo você tem uma fábrica um pouco mais estruturada.

O que posso dizer é que a gente é muito bom nisso! E a gente faz melodrama como ninguém, as emissoras são muito boas, eu sempre acho um barato a nossa indústria. Eu fico chateado que em algum momento da nossa história do Brasil, o cinema e o teatro foi tão atacado, principalmente pela época da ditadura, de morte mesmo de artistas, de falência, de falta de apoio que a gente tem até hoje, e que nosso país tenha como ponta as emissoras, e não o teatro e o cinema.

PL: Além de atuar, você também empresta sua voz a inúmeros filmes e series, como vê a arte de dublar?

DA: A dublagem aconteceu para mim. É uma ferramenta dentro do que é o oficio de o que é ser ator, é mais uma plataforma de trabalho. Eu estava em A Viagem e o Projac não era desse jeito, era alugado e os estúdios da Herbert Richers, então andando pelos corredores, passando por ali me chamaram, com  uns nove anos. Então comecei criança, aprendi dublagem criança, sou apaixonado por dublagem, amo fazer, e é uma possibilidade que a gente tem de fazer obras com produções absurdas e emprestar a sua voz, como você mesmo disse. Eu me sinto colocando a minha voz, a minha interpretação na boca de uma outra pessoa, de um outro artista com outra linguagem, com outro tipo de vivência, com outro tipo de escola, mas eu colocando a minha versão brasileira. Então acho um desafio, uma técnica muito elaborada, e hoje em dia eu venho fazendo bastante isso. A televisão as vezes te pega, outras coisas na minha vida me pegaram e acabei tendo que ficar um tempo sem dublar ou me ausentar de algumas produções, mas eu estou sempre dentro, e agora é a base do meu trabalho. Eu faço teatro, basicamente teatro de rua, o meu grupo Cabaret, o Tá Na Rua e a dublagem é a base do meu oficio.

Foto: Tá Na Rua/Facebook

PL: No teatro você já encenou diversos espetáculos, e atualmente a classe artística vive um dos seus piores momentos. O que tem a dizer aos colegas de profissão?

DA: É, eu concordo com você, e acrescento! Na verdade, sempre foi difícil fazer arte nesse país, principalmente a arte que não se alia a uma política que não se alia as necessidades de um capital, principalmente a arte que é feita para o povo para o coração das pessoas. Seja para instrui-las, seja para cura-las, seja para afaga-las, seja para distraí-las a arte é o produto mais evoluído, é o néctar do ser humano todo ser humano é artista tudo que a gente faz seja qual sua classe social, sua cor, sua profissão é arte! Pode ser arte o existir do ser humano é a arte, é uma necessidade nossa que a gente tem e o ser humano sempre enfrentou dificuldade para fazer arte.

E esse momento é muito curioso. A gente sofreu muito, a gente sofre muito, brasileiro sofre muito, artista brasileiro sofre demais. A gente não consegue evoluir, a gente é atacado diretamente, a gente é exposto em um nível, e rolou muita coisa com a gente, rolou muita falta de vergonha, falta de respeito , uma incisão entre a população e os artistas e sua própria arte, e agora nesse momento de pandemia nesse momento que se busca a cura, que se busca saúde, a arte vem aí apontando como a grande necessidade do ser humano, e eu vim fazer isso na minha vida, eu estou vivo para fazer arte! Espero inspirar as pessoas sempre para viver a vida com mais arte. Então o que digo aos artistas é isso, momentos fortes sempre virão, mas a nossa necessidade de fazer arte de colocar isso na sociedade de cuidar do povo é maior.

Grupo Tá na Rua/Facebook

PL: Quais são seus projetos pós pandemia?

DA: Tenho alguns projetos sim. Dia 28 agora, meu grupo chamado Cabaret Tá Na Rua, irá fazer uma festa online para o pessoal ficar ligado já que completamos três anos. Lembrando que a comemoração será online pois (por conta da pandemia) o grupo  Tá Na Rua, que faz arte pública nas praças com teatro de rua, está parado.

Tem três filmes meus para estrear. Um chamado Hastag, que o diretor é o Caio Sóh, o outro que é do diretor Gabriel Antunes, e o outro que é da diretora Railane Borges. São três personagens bem diferentes, mas com essa coisa da pandemia não sei como vai acontecer e como vai estrear, se vai ser online, se vai esperar os cinemas reabrir. Eu não estou sabendo muito bem disso, mas postarei novidades nas redes quando for decidido.


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