Escrita por Gilberto Braga e exibida de 10/07/1978 a 27/01/1979, Dancin' Days inaugurou o estilo do autor, marcado pela discussão dos valores da classe média e das elites urbanas.
Está sendo reprisada pelo Canal Viva desde 7 de abril de 2014, sendo a produção mais antiga, reprisada pelo canal, até então.
Dancin’ Days é uma crônica de costumes urbana centrada na rivalidade entre duas irmãs: a ex-presidiária Júlia Matos (Sônia Braga) e a socialite Yolanda Pratini (Joana Fomm).
Acusada de atropelar e matar um guarda-noturno, Júlia é condenada a 22 anos de prisão. Depois de cumprir metade da pena, ela consegue liberdade condicional. A partir de então tenta, de todas as formas, livrar-se do estigma de ex-presidiária.
Seu primeiro desafio é reconquistar o amor da filha, Marisa (Gloria Pires). A menina foi criada por Yolanda que, com medo de perder a sobrinha, dificulta a aproximação entre mãe e filha.
Em sua luta para se reintegrar à sociedade, Júlia conhece o diplomata Cacá (Antonio Fagundes) e os dois vivem um romance atribulado ao longo de toda a história.
Para se aproximar de Marisa, uma adolescente mimada com temperamento rebelde, Júlia usa outra identidade. As duas estabelecem uma relação de amizade até o momento em que, no dia do casamento de Marisa e Beto (Lauro Corona), Júlia revela a verdade à filha. Sua intenção é demovê-la da idéia de casar-se tão jovem. Marisa, no entanto, não a recebe bem e se recusa a aceitá-la como mãe. Arrasada com o desprezo da filha, Júlia aparece bêbada na festa, provocando uma grande confusão. Como estava em liberdade condicional, ela é novamente presa.
Algum tempo depois, Júlia volta à liberdade, dessa vez decidida a mudar completamente sua vida. Ela se casa com Ubirajara (Ary Fontoura), um homem rico e apaixonado por ela. E, mais uma vez, tenta se reaproximar da filha, mas é maltratada pela jovem, que não a perdoa.
A grande reviravolta na história acontece quando Júlia retorna ao Brasil, após uma viagem à Europa, completamente mudada. Sua transformação marca uma nova fase na história. Dessa vez Júlia está decidia a se vingar de quem lhe prejudicou.
Apenas no final da novela Júlia consegue se reconciliar com a filha e com Cacá. As duas irmãs fazem as pazes após uma antológica briga.
Dancin’ Days inaugurou o estilo de Gilberto Braga, marcado pela discussão dos valores da classe média e das elites urbanas. Para escrever a história, o autor lançou mão de romantismo e sarcasmo, dois elementos característicos de seu universo ficcional.
A trama também tirou partido de Os Embalos de Sábado à Noite, filme de John Badham estrelado por John Travolta que levou milhões de espectadores ao cinema e impulsionou o sucesso das discotecas em todo o mundo. Pouco tempo antes de a novela estrear, fazia sucesso no Rio de Janeiro a discoteca fundada pelo jornalista e produtor musical Nelson Motta.
Dancin’ Days foi tema, em 1978, de uma reportagem da revista americana Newsweek que destacou a influência da novela sobre os hábitos de consumo dos telespectadores. Além de lançar modismos, como meias coloridas de lurex, ícones de uma geração, a novela promoveu produtos como água-de-colônia e sandália de salto fino. Foram vendidas 400 mil bonecas Pepa, brinquedo da personagem Carminha (Pepita Rodrigues).
A personagem Yolanda Pratini seria interpretada, inicialmente, por Norma Bengell. Porém, a atriz se desentendeu com Daniel Filho, e Joana Fomm, que faria Neide, a empregada de Celina, assumiu o papel. A atriz Regina Vianna foi chamada, então, para interpretar a personagem Neide.
Na trama, sobressaiu o ator Mário Lago, que emocionou o público no papel do sofisticado e nostálgico Alberico, típico morador de Copacabana – cenário recorrente nas histórias de Gilberto Braga.
Em janeiro de 1979, a socialite carioca Leda Castro Neves construiu uma discoteca em sua mansão na Barra da Tijuca e distribuiu convites nos quais conclamava fãs de Dancin’ Days a comparecerem vestidas como os personagens da novela e realizarem o sonho de participar de uma das noites de festa e diversão que eram mostradas a cada capítulo. Dezenas de colunáveis atenderam ao chamado e passaram a frequentar a mansão dos Castro Neves. As mulheres vestiam peles de onça, calças de cetim, lamês e tecidos prateados semelhantes aos que a protagonista Júlia usava na novela.
Os telespectadores frequentemente confundiam com a realidade o que viam nos capítulos de Dancin’ Days. Joana Fomm recebia quase diariamente insultos e até propostas indecorosas por telefone, por conta das maldades de sua personagem, Yolanda. Em entrevista na época, Gilberto Braga confessou que até sua cozinheira havia batido o telefone na cara da atriz. “Ela possui um arsenal de informações que teoricamente a impediriam de fazer essa confusão. Ela me vê escrever a novela, dá uma olhadinha no final do capítulo às escondidas, conversa comigo”, contou o autor. “No entanto, quando tentei sugerir que a Joana não tinha nada a ver com a Yolanda, ela respondeu: ‘Sei que o senhor é que escreve aquilo tudo, não sou burra. Bati o telefone outro dia por causa da cara de nojenta que ela fez quando a Júlia entrou no camburão da polícia. A cara não foi o senhor que escreveu, era dela mesmo.’”
O ator Lauro Corona fez a sua estreia nas novelas da TV Globo com Dancin' Days. Seu personagem fazia par romântico com Marisa, interpretada por Gloria Pires, que tinha 15 anos na época.
Dancin’ Days foi a primeira experiência de Marcos Paulo atrás das câmeras. O diretor tinha recém-chegado de Nova York, onde fizera um curso de direção de cinema. A convite de Daniel Filho, Marcos Paulo passou a integrar a equipe de diretores da novela ao lado de Dennis Carvalho e José Carlos Pieri.
Em 2010, Sonia Braga e Antonio Fagundes se reencontraram em cena no episódio A Adúltera da Urca da série As Cariocas, inspirada no livro homônimo de Sérgio Porto. Seus personagens foram batizados de Júlia e Cacá, assim como em Dancin’ Days, numa homenagem do diretor Daniel Filho à novela de Gilberto Braga.
Dancin’ Days foi apresentada pela rede mexicana Televisa, uma das principais exportadoras de telenovela do mundo. Foi a primeira vez que o México, país com forte tradição na produção de teledramaturgia, exibiu uma novela brasileira.
A novela foi apresentada em cerca de 40 países, entre eles: Argélia, Bélgica, Bolívia, China, Colômbia, Espanha, França, Polônia, Portugal e Uruguai. Na Itália, chegou a alcançar um público médio de quatro milhões de espectadores por capítulo.
Em outubro de 2011, Dancin Days foi reedita e lançada em DVD pela Globo Marcas.
Dancin' Days foi reapresentada entre outubro e dezembro de 1982.