Inspirada e metafórica, Pitty nos concede no disco ''SeteVidas'' seu melhor trabalho em muitos anos

Até que enfim saiu o tão esperando disco de inéditas da cantora Pitty, cujo o último - de inéditas - foi em 2009. Com arranjos mais sombrios, Pitty apresenta canções que falam sobre tantos tipos de pessoas, sobre o modo de ver e enfrentar as coisas.

Em Pouco, primeira faixa do disco, já conseguimos decifrar um pouco do conteúdo das letras, como em versos que dizem "Quanto mais perto, mais longe do certo, corro nessa direção, não espere que eu me contente com pouco...". Na faixa Deixa Ela Entrar ela fala sobre a sensação de quando damos de cara com sorte, em versos como "Antes hoje do que nunca mais/ E toda vez é a velha questão de nunca saber/ O que se vai amar amanhã/ E mesmo assim escolher..." A faixa tem uma pegada forte e Pitty se mostra mais inspirada do que nunca. A terceira faixa do disco fala sobre um romance, sobre o que a outra pessoa causa, as vontades, desejos, e nós a vimos destacar isso em "Desagradável não te ver por aí/ Insuportável não te ter por aqui/ Ainda outro dia eu tentei com alguém/ E o que eu queria era colar em você, subir em você, meu bem"Pequena Morte é uma das melhores. Na quinta faixa, Lado de Lá, ela fala sobre a partida de uma pessoa querida e dedica a faixa para seu amigo e ex-integrante da banda que faleceu a pouco tempo, Peu, a letra é uma das minhas favoritas e mostra uma Pitty com muitas saudades e também amadurecida, trazendo uma composição rica em significados e metáforas como "Quem sabe a dor venceu/ Pra que essa pressa de embarcar/ Na jangada que leva/ Pro lado de lá...". A faixa Olho Calmo traz uma melodia calma e explode em determinado momento, a letra fala sobre aqueles que precisam relaxar e não se importar com coisas desnecessárias, como no verso que fala "... O traquejo de esperar, a hora certa de esbravejar/ Fumegando de vazio e pó, gozo sozinho/ Sem dó, sem nada/ E depois do rancor, respirar/ Vigiar, ao redor, e respirar/ Aprender, a usar o olho calmo" A Massa fala sobre o materialismo, assim como em Boca Aberta, portanto as duas faixas, tem letras totalmente diferentes, mesmo falando sobre o mesmo assunto. A última faixa do disco, Serpente, diz: "Chega dessa pele, é hora de trocar/ Por baixo ainda é serpente/ E devora a calda pra recomeçar/ Pelo fogo, transmutação/ Sem afago, lapidando o aprendiz/ O que sobra, é cicatriz/ a sustentação é que amanhã já vem..." O conjunto da canção se faz um hino e mostra Pitty mais inspirada que nunca. A faixa talvez, mostra o disco nu, mais do que o próprio single SeteVidas. Com a pegada forte da guitarra e uma percussão, que encaixa perfeitamente com o coro, Pitty fecha seu melhor disco, na minha visão, desde o Anacrônico, de 2005.

São 10 faixas de letras muito bem escritas, com uma base de mistério e poesia. Pitty se mostra mais inspirada. Talvez o recesso de quase cinco anos fez bem. E como canta no verso do single que, também, dá nome ao disco, "Ainda tô aqui viva/ Um pouco mais triste, mas muito mais forte/ E agora que eu voltei/ Quero ver me aguentar...", e sinceramente? Nós vamos ter um imenso prazer em aguentar o que o futuro reserva.

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